FILOSOFIA NA ESCOLA: A CONSTITUIÇÃO DA DISCIPLINA A PARTIR DAS PRÁTICAS DOCENTES
AUTORA: KATIUSKA IZAGUIRRY MARÇAL
ORIENTADORA: ELISETE M. TOMAZETTI
A questão sobre a possibilidade
da atividade filosófica na escola – uma instituição típica de nossa
sociedade que carrega a responsabilidade de transmitir as formas de pensamento
existentes em nossa cultura – constitui importante aspecto na recente história
da (re) inclusão da disciplina de filosofia no ensino médio brasileiro. É
sob tal paradigma que foi desenvolvida essa pesquisa, pertencente à Linha
de Pesquisa dois: Políticas Públicas e Práticas Escolares, do Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria. Seu
objetivo foi investigar os discursos que perpassam a escola, a aula de
filosofia e os sujeitos-professores
de filosofia e que, de alguma forma, produzem uma aparente separação entre
o ensino da filosofia e o filosofar. As materialidades utilizadas na
investigação foram os documentos das políticas públicas sobre educação e sobre
a disciplina de filosofia, os documentos das escolas e/ou das instituições
de formação superior, os textos filosóficos e acadêmicos (que dissertam sobre
educação, ensino de filosofia, atividade do filosofar), mas prioritariamente,
as falas de professores de filosofia. Supõe-se, pois, que o sujeito representado
pelo professor é passível do entrecruzamento dos mais diversos discursos a constituírem
os saberes sobre filosofia e ensino, contemporaneamente. A leitura tanto dos documentos
como das falas – provenientes de entrevistas individuais semi-estruturadas – consistiu
no exercício de uma análise discursiva arquegenealógica, conforme os postulados desenvolvidos
por Michel Foucault. Neste sentido, a presente dissertação apresenta e desenvolvem
conceitos tais como discurso, enunciado, arqueologia, genealogia, sujeito do discurso.
Por conseguinte, como resultados desta investigação, destacam-se determinadas concepções
de filosofia, filosofar e de ensino de filosofia atravessadas por referentes,
como: ensinar X pesquisar, história da filosofia, texto clássico, crítica,
diálogo, pensar/pensamento, prática, etc. Estes referentes apresentam por
si mesmos, tensões no que confere às práticas pedagógicas a que remetem.
Não obstante, são conceitos produzidos no seio da própria filosofia e
carregam, por isso, tensões também relativas à constituição deste saber.
Eles denotam alguns paradoxos da filosofia e do ensino de filosofia
e remetem à máxima kantiana “Não se ensina filosofia. Ensina-se a filosofar”. Por fim, a
pesquisa volta-se a uma análise das estratégias de poder e governamentalidade
efetuada na escola a fim de compreender as relações entre o discurso docente
e suas condicionantes institucionais e políticas. Neste sentido, encontram-se
consonâncias entre as práticas docentes e determinados conceitos disciplinares
e de controle.
Palavras-chaves: Ensino de Filosofia. Escola. Arqueologia. Genealogia. Discurso.
Tese completa: http://ppge.rswa.com.br/wp-content/uploads/2012/04/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Katiuska.pdf
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