Os estudantes e o motorista
Alguns dias atrás, comecei meu estágio observando algumas turmas de Ensino Médio e, num determinado momento, tive a oportunidade de dialogar com os estudantes. Aproveitei a oportunidade para satisfazer uma curiosidade e, ao mesmo tempo, procurar respostas a um problema que aflige nossas escolas de um modo geral. Enfim, um problema e uma curiosidade que, com certeza, outros compartilham comigo: “Por que a escola não é atrativa?”.
Foi, então, que perguntei à turma (vejam, 1º ano): “O que vocês mudariam na escola para torná-la mais atrativa, prazerosa?”. Ao que eles responderam: “diminuiríamos a carga horária de algumas disciplinas!”; “teríamos aulas com mais prática e menos teoria!”; “traríamos um laboratório de química para a escola!”; “melhoraríamos o lanche!”; “trocaríamos alguns professores!”; “mandaríamos construir um ginásio para a escola!”. Entre outras respostas.
Mas o dia não termina aqui. Na volta para casa – não estou fugindo do assunto, só conto outro fato para tentar extrair a lógica de ambos –, subindo a Avenida Presidente Vargas, o ônibus ficou parado no meio de um cruzamento com o sinal aberto, pois o congestionamento impediu o motorista de ir à frente. Ao meu lado, vinha sentado outro motorista com o qual conversava. Após ver o ônibus parado no cruzamento, o motorista que estava ao meu lado fez toda uma explicação de como o trânsito poderia ser melhor, mudando algumas rotas e, assim, diminuindo o congestionamento. Ao concluir sua análise falou o seguinte: “Os engenheiros, os políticos, enfim, quem organiza o trânsito, quando vão fazer pesquisa ou recolher sugestões de mudanças para as ruas, nunca tomam as sugestões de quem realmente vive tal realidade, no caso, os motoristas!”.
Após tais acontecimentos, já encarnado pelo “ voo da Coruja de Minerva”, foi então que percebi a relação entre os fatos. Quando são propostas mudanças, com finalidade de mudar para melhor, seja em saúde, educação, trânsito, segurança ou qualquer outra necessidade coletiva, os que realmente deveriam ser consultados são deixados, não sei por que cargas d’águas, de fora. E é onde poderíamos, talvez, encontrar as respostas.
Às vezes os problemas insistem não por falta de respostas, mas pela falta das respostas dos que realmente vivem o problema a ser resolvido. Da educação, nos estudantes. Do trânsito, nos motoristas. Portanto, a sugestão aos senhores representantes políticos é que ousem procurar as respostas para os problemas da polis a partir de outros “lugares”.
*Filósofo
VANDERLEI VIDAL ZENERO*Foi, então, que perguntei à turma (vejam, 1º ano): “O que vocês mudariam na escola para torná-la mais atrativa, prazerosa?”. Ao que eles responderam: “diminuiríamos a carga horária de algumas disciplinas!”; “teríamos aulas com mais prática e menos teoria!”; “traríamos um laboratório de química para a escola!”; “melhoraríamos o lanche!”; “trocaríamos alguns professores!”; “mandaríamos construir um ginásio para a escola!”. Entre outras respostas.
Mas o dia não termina aqui. Na volta para casa – não estou fugindo do assunto, só conto outro fato para tentar extrair a lógica de ambos –, subindo a Avenida Presidente Vargas, o ônibus ficou parado no meio de um cruzamento com o sinal aberto, pois o congestionamento impediu o motorista de ir à frente. Ao meu lado, vinha sentado outro motorista com o qual conversava. Após ver o ônibus parado no cruzamento, o motorista que estava ao meu lado fez toda uma explicação de como o trânsito poderia ser melhor, mudando algumas rotas e, assim, diminuindo o congestionamento. Ao concluir sua análise falou o seguinte: “Os engenheiros, os políticos, enfim, quem organiza o trânsito, quando vão fazer pesquisa ou recolher sugestões de mudanças para as ruas, nunca tomam as sugestões de quem realmente vive tal realidade, no caso, os motoristas!”.
Após tais acontecimentos, já encarnado pelo “ voo da Coruja de Minerva”, foi então que percebi a relação entre os fatos. Quando são propostas mudanças, com finalidade de mudar para melhor, seja em saúde, educação, trânsito, segurança ou qualquer outra necessidade coletiva, os que realmente deveriam ser consultados são deixados, não sei por que cargas d’águas, de fora. E é onde poderíamos, talvez, encontrar as respostas.
Às vezes os problemas insistem não por falta de respostas, mas pela falta das respostas dos que realmente vivem o problema a ser resolvido. Da educação, nos estudantes. Do trânsito, nos motoristas. Portanto, a sugestão aos senhores representantes políticos é que ousem procurar as respostas para os problemas da polis a partir de outros “lugares”.
*Filósofo
é dISSO QUE PRECISAM OS POLÍTICOS?cOMENTe
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